terça-feira, 18 de janeiro de 2011

CONSIDERAÇÕES SOBRE A DESCOBERTA DA ORIGEM DO EGOÍSMO REFLEXO

Pude constatar em pesquisa empírica um resultado relevante para as ciências comportamentais. Descobri que quando damos um objeto na forma de presente ao outro simplesmente porque nós gostamos do presente, não importando o interesse do outro, então estamos praticando uma forma de egoísmo reflexo. Eu explico: o egoísmo reflexo está na minha atitude de dar a o outro o que eu gosto ou o que eu gostaria de receber de presente se fosse eu o presenteado, ou ainda, o que eu gostaria de ver o outro possuindo. O outro não importa, ainda que o presente signifique, contraditoriamente, que o outro importa. É como se falasse: "Eu pago o presente, eu escolho. Portanto, não reclame!".
Numa situação onde se presenteia alguém, o sujeito se vê na impossibilidade de se negar a dar ao outro um objeto na forma de presente por conta do valor moral deste ato, vinculado a um rito ou prática social, que o obriga moralmente a tal. Assim, procurando escapar ao prejuízo, o sujeito inverte o processo e presenteia a si mesmo, embora não materialmente - visto que a matéria é o objeto que é dado - mas simbolicamente, subjetivamente, satisfazendo seu ego com aquilo que é do seu gosto. Essa satisfação começa na escolha e se realiza completamente na compra.
É o Natal um momento rico em exemplos de egoísmo reflexo. Pois esta data nos obriga moralmente a dar presentes ao outro. O que nem sempre nos garante receber algum. Isto certamente contribui para o egoísmo reflexo. Sem dúvida que o egoísmo reflexo se manifesta em outros ritos do tipo que se presenteia o outro, além do Natal. O aniversário, a páscoa e o dia das mães são outros exemplos típicos destes ritos e lugar comum para as manifestações de egoísmo reflexo. 
Quando o ato de presentear se libera do rito, torna-se um dar por dar, sem data especial. Aí que a máscara do rito despojada mostra então sua face mais mesquinha.

Nenhum comentário:

Postar um comentário