terça-feira, 18 de janeiro de 2011

ARTIGO CIENTÍFICO SOBRE AS RELAÇÕES ENTRE O BAR E O SALÃO DE BELEZA

Há um universo masculino e outro feminino, já sabemos. Em cada um destes universos existe um lugar privilegiado de encontro e discussão próprios. Trata-se de um sectarismo sexual socialmente e informalmente estabelecido pela necessidade que males e females tem em encontrar seus iguais a fim de tratarem de assuntos que só a cada gênero interessa. Questão de sobrevivência. Se para o homem esse lugar é, em geral, o bar, para a mulher certamente é o salão de beleza. As mulheres não são e nunca foram dadas a bebidas alcoólicas em exagero, ao cheiro forte de um banheiro de bar ou qualquer outra grosseria ambiental.
Por isso elas criaram um ambiente social análogo ao bar, porém em acordo com a sensibilidade feminina. Ali a chalaça feminina te seu lugar confortável, limpo, de bons ares, onde a cerveja e a cachaça é substituída pelo chá ou café e o garçom pelo cabeleireiro. Tanto aqui quanto ali se evocam assuntos de todos os níveis. Criticam-se ou exaltam-se os cônjuges. Lamenta-se ou celebra-se a vida. Cá e lá, cabeleireiros e garçons tornam-se confidentes. Donos de salão e donos de bar esbravejam contra os impertinentes e maus pagadores. Se no bar o preço da cerveja movimenta multidões de machos, no salão de beleza ocorre o mesmo quanto ao preço do corte de cabelo, da escova ou da pintura. Salões de beleza multiplicam-se pela cidade e já contam em número muito próximo ao de bares.
       O que pode haver de utilidade prática na digressão acima para nós? Lhe digo: se sua mulher vai ao salão de beleza, nesse preciso momento vá você ao bar. Se fores ao bar então diga a ela que vá ao salão, e que não tenha pressa de voltar. Assim ambos os sexos estarão sempre satisfeitos um com o outro. Ao fim, quando se encontrarem, teremos a celebração das qualidades avultantes de cada um do par.
       De um lado o homem com sua protuberância abdominal depois de horas comendo e bebendo excessivamente. Seu aspecto é a de um bêbado qualquer encerrando em si todos os odores possíveis de existirem em um bar. Desde o cheiro de álcool, passando pela fritura, até chegar ao tabaco. Roupas amarrotadas, cabelos desgrenhados, transpiração excessiva, ele se arrasta alegre ao encontro de sua mulher que acaba de sair do salão. E lá está ela! Cabelos alinhados, perfeitamente tingidos, sobrancelhas feitas e maquiagem exuberante, perfumes florais e amadeirados levam-na numa nuvem delicada e sutil.
Aos poucos, porém, tudo volta ao seu normal. O homem, longe do bar, agora está sóbrio, faz a barba e penteia-se. Arruma-se com roupas engomadas e elegantes para ir trabalhar. Na mulher, por sua vez, vence a pintura e os cabelos brancos avançam, o toucado deforma, a maquiagem derrete, crescem as sobrancelhas. Toda essa dualidade nos mostra, em resumo, que o bar é um mal passageiro e o salão de beleza um bem também passageiro - logo, se sua mulher é feia, será um mal eterno. Mas ainda assim tornamo-nos feios para nossas mulheres e que elas se embelezem para nós, nessa roda sem fim. Eterno retorno.

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